Nevos melanocíticos - quando a questão é estética (parte 2)
- Ana Rita Oliveira Travassos
- 2 de mar. de 2019
- 2 min de leitura

Sinal de beleza ou sensualidade, imagem de marca de alguns ícones de beleza, os nevos melanocíticos da face já foram vistos como uma acessório em determinadas épocas e amaldiçoado noutras...
Nas sociedades antigas - grega e chinesa foi mesmo desenvolvida a prática da moleosofia ou moleomancia, área de estudo que pretendia interpretar a localização destes "sinais".
Um manual grego antigo (cuja autoria foi atribuída ao profeta Melampus) dava diferentes significados aos nevos de acordo com a sua localização... por exemplo, nos lábios era associado a tendência a comer em excesso e no nariz a luxúria...
Na literatura tradicional chinesa, o nevo com pêlo era considerado um bom sinal, e os homens eram encorajados a deixar o pêlo crescer, embora as mulheres pudessem cortá-lo sem consequências espirituais para tal acto...
Mais tarde nos sécs. XVI e XVII a sua presença estava associada a bruxaria, especialmente quando localizados nas pálpebras.

No séc. XVIII voltaram novamente a ser considerados sinais de beleza, e quem não os tinha usava falsos - pequenas manchas de veludo ou pele de ratinho, coladas na face cumpriam os desejos de quem os usava.
Após um período de desprestigio no séc. XIX, no séc. XX a industria cinematográfica trouxe novamente à ribalta estas marcas de beleza.
Mas quando o nevo não é bem amado, e pretende a sua eliminação... o que fazer?
A remoção de nevos (habitualmente na face) é possível.
O receio habitual é a cicatriz resultante, pelo que frequentemente é procurada uma solução em que não seja realizada incisão e consequentemente "sem pontos".

A questão que gostaria chamar a atenção é que no tratamento de nevos melanocíticos com laser ou outros métodos que promovam apenas a remoção superficial (shaving/ curetagem) existe o risco de não eliminar completamente a lesão (uma vez que o conjunto de células do nevo se encontram ao nível da junção dermo-epidermica e na derme) e os procedimentos que prometem ausência de cicatriz são realizados habitualmente apenas ao nível da epiderme.
O que sucede é que esses nevos reaparecem frequentemente mais tarde, por vezes com aspecto suspeito, como nevos recorrentes, e têm de ser excisados.
Pelo que a melhor abordagem é a excisão cirurgia, que deverá ser realizada em períodos que não sejam seguidos de intensa exposição solar e cumprir as indicações do seu dermatologista para optimizar a sua cicatrização.
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